sábado, dezembro 08, 2007

O tempo

Recentemente comprei um sisteminha de som bem legal, pra ouvir música, e, mais pra frente, também gravar. Trata-se de uma "placa" de som E-MU 0404 USB e um par de fones de ouvido Sennheiser HD600 (que eu acabei preferindo aos HD650, devido à maior linearidade e pelo fato de custarem 300 doletas a menos). Isso tudo é, como eu já falei, uma parafernália bem legal pra ouvir música.

Sabem como é, eu pretendia fazer uma análise desses equipamentos aqui, bem empolgada, dizendo o quanto os conversores D/A (de 24 bits, 192kHz) são limpos, o quanto a circuitaria analógica classe A colabora com o baixo nível de ruído, o quanto o amplificador ajuda a conseguir algum som dos Sennheisers (que tem uma impedância notavelmente alta, 300 Ohms). Ía falar também da extensão de graves, aparentemente infinita, além da resolução incomparável, características que até hoje só vi em sistemas de som com caixas acústicas custando algumas dezenas de milhares de dólares e bla bla bla. Tudo isso citando diversas faixas que ouvi para testar o sistema, falando de características bastante fáceis de ser medidas no som, como TEXTURAS, CORES e outras coisas que a gente lê em publicações/sites/fóruns de audiófilos.

Mas aí, o tempo passou. E, neste caso em particular, não foi preciso muito: apenas um dia. E é engraçado como em tão pouco tempo eu perdi essa empolgação toda em falar do equipamento em si. A verdade é que o tempo passa, e apenas o essencial fica: no caso, a música.

Passado esse furor inicial com o novo equipamento, veio a vontade de ouvir muita música. De novo. Afinal, todos aqueles CDs, que eu já decorei por completo, agora soam bem diferentes. É uma fase de exploração. Muita coisa eu estava ouvindo pela primeira vez (onde estavam essas cordas em tremolo, que eu nunca tinha ouvido?), mas já não é mais deslumbramento com o equipamento (do tipo: olha só até onde vão os graves disso!) mas sim com a música que eu nunca tinha ouvido e que sempre esteve "ali". Nessa fase, o equipamento já tinha sumido completamente (crianças, não tentem ir do escritório até a cozinha usando fones de ouvido COM FIO, ainda mais se esse fio for bastante substancial).

Depois disso, já acostumei a ouvir música de maneira diferente, e agora tudo que quero é ouvir certas músicas apenas porque gosto delas, não pra saber como elas ficam ou pra procurar sons desconhecidos no meio delas. Ou seja, voltei ao normal, de ouvir música e bater o pé e cantar junto, pra desespero dos vizinhos.

O tempo faz isso, conserta essas quebras (no espaço-...TEMPO!), de forma que retornamos a um estado de equilíbrio, por assim dizer. Não sei se equilíbrio é uma boa palavra para isso, já que esse estado pode ser definido como um hiato entre duas dessas quebras, que são os altos e baixos da vida. Os graves e agudos da vida. E os médios, claro. Esses, particularmente doces.

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