quinta-feira, setembro 22, 2005

Desarmamento

Bom, pessoal: em primeiro lugar, tenho praticamente certeza que o desarmamento seria uma medida que traria, na melhor das hipóteses, um benefício insignificante.

Digo isto porque as únicas mortes capazes de ser evitadas pelo desarmamento seriam apenas aquelas causadas por acidentes com a arma de um portador, por legítima defesa de um portador de arma, ou ainda aquelas cometidas por criminosos portadores de arma.

Ora, verificando-se as estatísticas, é fácil perceber que tais mortes compõem uma porcentagem ínfima daquelas causadas por arma de fogo, principalmente porque criminosos não são (legalmente) portadores de arma. Se levarmos em conta que a implantação de uma medida como o desarmamento custa caro, veremos que trata-se de um típico caso de mau uso do dinheiro público, que poderia ser melhor investido, em medidas mais capazes de reduzir a mortalidade.

Porém, se analisarmos mais friamente, podemos perceber que o desarmamento potencialmente trará um impacto negativo, visto que desarmará cidadãos aptos a se defender. Prefiro acreditar que esse impacto negativo será pequeno.

Dessa forma, volto-me à questão do referendo: por que diabos a opinião do povo está sendo consultada quanto a essa questão, sendo que há, sem dúvida, outras mais importantes, cujas decisões podem trazer impactos muito maiores sobre a população? Como se não bastasse, os gastos para a realização deste referendo serão e já estão sendo altíssimos, da ordem de centenas de milhões de reais, o que é totalmente inaceitável dado a sua limitadíssima importância.

O fato é que somos todos vítimas de um ardiloso complô. Retomemos as estatísticas: elas nos apontam que o número de mortes por armas de fogo tem caído constantemente nos últimos tempos, e a tendência é que continue a diminuir.

Pois bem, se realmente o povo votar a favor do desarmamento, estará fazendo o jogo do governo: este posteriormente se utilizará das estatísticas citadas acima para mostrar ao povo o quanto o desarmamento foi uma boa medida (apesar de esses resultados não terem sido causados por ela), elevando dessa forma a sua já tão abalada credibilidade.

Finalmente, o referendo se encaixa em toda essa armação por ser justamente uma forma eficientíssima de passar adiante a responsabilidade pelo desarmamento, livrando o governo de críticas (já que a decisão terá sido tomada pelo próprio povo) e dificultando a percepção da tramóia toda.

Portanto votem contra o desarmamento. Mas com a consciência de que já perdemos, de qualquer modo, porque a dinheirama toda gasta até agora não será recuperada.

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