terça-feira, agosto 16, 2005

Jogos violentos

Muito já se falou do quanto jogos de videogame ultraviolentos contribuem para o aumento da violência. Inclusive alguns desses jogos ficaram famosos porque foram crucificados pela mídia, a qual citou-os como causa (in)direta de algumas catástrofes que não sairão da memória com muita facilidade.

Lembro-me muito bem de duas delas, bem famosas e de grandes proporções: o tiroteio de Columbine, nos EUA, cuja 'inspiração' teria sido o jogo Doom, e o tiroteio num cinema em São Paulo, este último 'inspirado' pelo jogo Duke Nukem 3D, igualmente violento.

O que mais me impressiona no tratamento que a mídia dá a esses desastres é uma aparente necessidade de ter ou encontrar (super)vilões, absurdamente nefastos, disformes, maiores do que a realidade. E é justamente aí que os jogos violentos se encaixam perfeitamente. Eles são terríveis, fazem com que os jogadores fiquem com idéias psicopatas, que eles queiram sair por aí atirando nas pessoas... Será mesmo?

Até onde entendo, e acho difícil que um psicólogo não concorde comigo, apenas os jogos violentos não seriam capazes de induzir esse tipo de comportamento nas pessoas. O que aconteceu, portanto, nos casos de Columbine e do MorumbiShopping, é que eles serviram como sintoma ao invés de causa: isto é, o apego exagerado por esse tipo de jogo só veio demonstrar a péssima condição psicológica dos assassinos.

Isso acontece em menor grau com muitas pessoas por aí, que acabam se tornando viciadas em alguma coisa (jogos de videogame ou computador de todos os tipos são ótimos exemplos) como sintoma de algum problema psicológico que elas tenham. É importante, então, ficar atento a esse tipo de comportamento, já que ele pode até apontar um quadro de depressão, ou ainda algo mais sério.

Apesar de tudo, não estou defendendo o uso gráfico e explícito que se faz da violência nos videogames, cinema, televisão e afins. Mas apenas apontando que ele não é causa de nada, e sim uma simples conseqüência. Seria possível argumentar que há, sim, algo que todos esses jogos e filmes causam: a banalização da violência. Porém, fica a pergunta: será que isso não seria apenas reflexo (e, portanto, sintoma) de um padrão dos nossos tempos, que banaliza absolutamente tudo?

O exagero é cada vez maior, seja em relação à violência ou à pornografia. É preciso sempre superar o que foi feito anteriormente para que se obtenha uma resposta significativa do público, que se acostuma com aquilo que um dia foi considerado realmente violento, pornográfico, limítrofe. O grande problema aqui é que não me parece que seja uma situação sustentável, acho que em um dado momento será impossível passar dos limites, romper barreiras. E aí, o que acontece com a sensibilidade?

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